Como acontece no período de lua de mel, os primeiros meses juntos foram agradáveis. Mas sempre que os dentes e as garras apareciam, o humor dela também mudava. Ela era muito travessa e o meu sofá ficou inutilizável. Não havia forma de uma gata selvagem como a Pisi conseguir ficar todo o dia dentro de casa, então decidi levá-la para o exterior e alimentá-la lá. No jardim, ela podia brincar, atacar e perseguir ratos, ou fazer o que os gatos fazem, ficando a salvo dos cães vadios. Mas, depois de passar apenas meio-dia no exterior, a gata recentemente mimada deu-se conta de que preferia o calor e conforto disponíveis dentro de casa. Os dias que se seguiram foram um pesadelo para ela, e para mim, enquanto tentávamos encontrar uma forma de vivermos juntos em harmonia. Eu insistia para que ela tentasse habituar-se a viver ao ar livre. A Pisi insistia que queria ficar no interior, facto que ela me demonstrou colando-se ao tapete da porta de entrada. Então, depois de lhe dar um sermão sobre respeitar as minhas coisas e controlar o mau humor, dei-lhe uma segunda oportunidade. E eis que desta vez ela foi mesmo bem comportada. Neste momento, aprendi a segunda lição: não desistas. Se não conseguires à primeira, continua a tentar. Esta situação ensinou-me também a lição número três: segue as regras da casa onde vives se queres ter uma vida boa. Hoje, a Pisi é uma gata adulta e já partilhámos tantos momentos maravilhosos. Todos na família a adoram. Ensinou-me a ser destemido e persistente, mas também respeitador e corajoso. E também me ensinou a importância de amar aqueles que me rodeiam. Aprendi que sou o único responsável pela minha atitude, pelas minhas ações e pela concretização dos meus objetivos. Mesmo com uma doença crónica, a minha vida e a minha felicidade estão nas minhas mãos. Como Walt Disney disse, "Todos os nossos sonhos podem tornar-se realidade, se tivermos coragem para os perseguir".