Embora fosse um grande esforço da minha parte, o meu desejo em ser um atleta de sucesso foi mais forte que o meu cansaço. Tentei equilibrar a atividade física e o tratamento da melhor maneira possível, criando uma rotina semanal que funcionasse: às terças e quintas corria 45 minutos; às segundas, quartas e sextas ia à unidade de diálise. Embora não pudesse participar oficialmente nos jogos, sentia que ainda pertencia à equipa.
Os meus primeiros anos de tratamento foram perfeitamente suportáveis, depois fiquei inscrito na lista para transplante e a espera começou. . . A equipa da Nephrocare nunca deixou de me encorajar e ensinou-me a viver o momento presente. No fundo do meu coração, eu estava grato à diálise. Bem vistas as coisas, este tratamento salvou-me a vida. No entanto, parecia que tinha um cronómetro na minha cabeça, contava os dias, as horas e os minutos que faltavam para praticar desporto novamente. Em retrospetiva, consigo perceber como era impaciente, mas ao mesmo tempo muito motivado.
Bem, a espera por um rim compatível é longa e vem associada a uma terrível sensação de impotência. Durante a minha lua-de-mel, em Tenerife, recebi a tão desejada chamada: havia um rim que talvez fosse compatível e eu precisava de regressar rapidamente ao meu hospital de referência. Mas, nesse dia não havia voos de regresso, então perdi a minha primeira hipótese de transplante. A minha mulher encorajou-me a continuar a desfrutar da viagem e assim o fizemos.
De facto, tive! O tempo passou e finalmente chegou o dia, 28 de abril de 2006, quatro anos e dez meses depois do primeiro tratamento, chegava a minha hora: Recebi um rim compatível. Tive sorte, a operação correu bem e depois da recuperação consegui voltar ao desporto, mas desta vez com a BTT. Aos poucos fiquei em forma, sentindo-me cada vez melhor e mais forte, no fim de cada treino. Nessa altura, decidi juntar-me ao clube local de ciclismo, em Benejúzar.